terça-feira, 1 de setembro de 2009

Livro 2
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Em que se dão exemplos (filosóficos, históricos e literários) de como o amor romântico constitui-se em um disfarce engendrado pela moral – ou pelo idealismo platônico –, com o fito de maquiar o mecanismo natural, que é a Vontade de vida, a pulsão, os sexos.
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Do silêncio. Um tratado de amor romântico, depois das longas definições do que ele seja e em quantas formas seja reconhecido, deveria, como num final escatológico, recomendar o silêncio, ou a precaução – dadas as variantes ortográfico-sentimentais do “amor romântico”, que é, afinal, o único que realmente “conhecemos” e que nos atinge a todos, mesmo que não o percebamos. Quem entende bem do bem que faz um amor silencioso é o Mário Quintana. No poema “Bilhete”, ele diz a uma amada sua, misteriosa... literária: “Se tu me amas, ama-me baixinho / Não o grites de cima dos telhados / Deixa em paz os passarinhos / Deixa em paz a mim! / Se me queres, / enfim, / tem de ser bem devagarinho, Amada, / que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...” Explicar um poema, isso sou eu quem está dizendo, é o mesmo que destruí-lo; o mesmo se pode dizer do amor romântico. O amor, meus caros, diferentemente da religião, não é um sentimento oceânico.

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