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Dos remédios contra o amor. Ovídio (Publius Ovidius Naso), que nasceu no dia 20 de março de 43 a.C., em Sulmona, e morreu em 17 d.C., em Tomi (atual Constanta, na Romênia), escreveu um livrinho intitulado Remedia amores (Os remédios para o amor). Conforme ele, sendo o amor romântico (ou a paixão) uma enfermidade da alma, necessários são os remédios que lha curem. Assim, Ovídio convida os jovens às suas terapêuticas aulas: “Venham às minhas aulas, jovens enganados, que no amor só encontraram decepções. [...] A meta a que me proponho é apagar uma chama cruel e libertar os corações de uma vergonhosa escravidão”. Mais adiante, dizendo que é preciso “cortar o mal pela raiz”, Ovídio diz: “Enquanto for possível, e quando são leves os movimentos que agitam seu coração, se sentir algum desgosto, detenha seus passos logo na entrada. Mate os germes malignos no nascedouro, e que, desde a partida, seu cavalo se recuse a avançar. Pois o tempo tudo fortalece; o tempo amadurece a uva tenra e transforma em espinhos robustos o que antes era verde. A árvore que espalha ao longe sua sombra sobre os caminhantes, quando foi plantada, era uma varinha. Estava então à flor da terra e a mão podia arrancá-la; agora que ela tomou forças, se eleva sobre suas raízes, que brotam em todos os sentidos. Qual é o objeto de seu amor? Eis o que seu espírito deve examinar com rapidez; se o jugo deve machucá-lo, retire seu pescoço. Combata o mal desde o início; será muito tarde para remediá-lo, quando um grande espaço de tempo o fortaleceu. Mas apresse-se e não adie sua decisão toda hora. Quem não está pronto hoje, amanhã estará menos. O amor nos engana sempre, e o tempo lhe fornece os alimentos; para a libertação, o melhor dia é o mais próximo”. Considerado um mestre do dístico elegíaco, Ovídio é tradicionalmente posto ao lado de Virgílio e Horácio, como um dos três poetas canônicos da literatura latina. Sua poesia, muito imitada durante a Antigüidade Tardia e durante a Idade Média, influenciou a literatura e a arte da Europa, particularmente Dante, Milton e Shakespeare – este, por sua vez, conforme Jane Austen em Mansfield Park (de 1814), definiu a cultura sentimental do Ocidente, dando um enorme salto para o século XXI e superando “com tranqüilidade”, diz Christiane Zschirnt em Bücher: alles was man lesen muss (de 2002), “a barreira da [nossa] sociedade midiática”. Ovídeo, com seu estilo jocoso e inteiramente pessoal, tem muita participação nos êxitos shakespeareanos - às vezes o eu-lírico dos poemas de Ovídio servem-lhe como representação identificatória. Ele, conforme dizem em vastas biografias, vivia uma vida boêmia, sendo admirado por toda a Roma Antiga como um grande poeta. No ano 8, foi banido de Roma pelo imperador Augusto. Não se sabe a causa do banimento. Muito provavelmente o imperador tenha achado imoral seus conselhos em Ars amatoria (A arte de amar) – que seria uma espécie de continuidade no tratamento contra o amor.
belíssimo livro.
ResponderExcluirfiz um estudo sobre a mitologia amorosa
contida no poema...até pensei em escrever
um trabalho de história....mas depois de tirar
uma boa nota com minhas intenções de pesquisa
arquivei a idéia.
Na época não encontrei quase nada sobre este livro em lingua portuguesa
além das traduções disponíveis há um belíssimo sermão de Vieira...uma resenha contemporânea...e....e...mais nada.
alguém aí conhece algo??