segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Das mudanças. “Amar é mudar a alma de casa, [...] é voar sem asas”. Dito pelo Mario Quintana em seus Apontamentamentos de história sobrenatural, de 1976. A poesia, como a teologia, tem o poder de descrever o trágico de um jeito bonito... metafórico. A casa, abandonada, como a casca da cigarra, guarda a memória das canções entranhadas em suas paredes, como a pintura que a reveste. Casca de cigarra, casa abandonada. O que se vai é como a alma para o corpo; o que fica é como a casca da cigarra: corpo sem alma, embalagem vazia, dança sem par. A casa abandonada, como a planta que não recebe água, em passando o tempo, murcha, morre devagar. Como é triste uma casa abandonada! Mas bem pode ocorrer o contrário: de o abandonado ser aquele que vai. Nas coisas do amor, além do trágico, a ironia é muito presente. Não é à-toa que o Edu Lobo, na parceria que faz com Cacaso, na música Lero lero, diga assim: “Porque no amor quem perde quase sempre ganha / Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder.” Tem saída não! Amar é estar possuído, habitado. Ser pássaro ou gaiola, depende da ocasião; e todo mundo, um dia, já foi uma coisa ou outra... ou será.

2 comentários:

  1. Obrigado aos visitantes e aos comentadores - principalmente a Nine, Tela, Clarissa, Éris e Ázara. Quantos às discordâncias, fiquem à vontade. Isso aqui não é uma Igreja. Abraço a todos e todas! \o

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  2. Nos comentários feitos antes do último texto houve tensão, conselho e preocupação com o autor. Muito bom! "amar é voar sem asas". Tem o jeito lindo de falar de amor e tem tambem o lado considerado feio do mesmo amor. O amargo ou negativo ao expressar algo, pode parecer um estado de espírito ou apenas conhecimento do assunto. As paredes do mundo escondem coisas inacreditáveis. Elas existem! A formação religiosa ou a criação rigorosa prefere esconder os fatos. Dizer não significa cinismo, como o não dizer pode ser falso!!!

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo