domingo, 23 de agosto de 2009

45
.
Da noção poética. Na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, Carlos Drummond de Andrade, em um papo com Mario Quintana:
- “E agora, José?”, diz o mineiro de Itabira do Mato Dentro, referindo-se a não eleição do gaúcho de Alegrete à Academia Brasileira de Letras.
- “Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão... eu passarinho!”, responde Quintana, com ar jocoso. Nisso, ironia das ironias, vem uma pomba, dessas que ficam aí pelas praças comendo milho e cagando nos bustos e nas estátuas, e faz a sua obra bem no ombro do poeta.
– “Maltratar os poetas”, diz o autor d’A rua dos cataventos, espantando a bicha, “é indício de mal caráter.”
Mas Drummond, que ama as aves, fica de pé e oferece um lenço bordado de vagonite ao seu amigo, dizendo-lhe:
– “Amor é estado de graça e com amor não se paga.”
– “O meu amor é belo como um barco!”, responde Quintana, voltando a estatuar-se.

3 comentários:

  1. maior que a sabedoria da alma é a sabedoria do vinho...dizia um poeta oriental.
    tá devendo um rodada na philipeia!

    ResponderExcluir
  2. Imaginei a cena... genial...
    Márcio Barcelos

    ResponderExcluir
  3. Obrigado, Márcio; obrigado André. E, sobre a rodada de cana na Philipéia, André, vamos marcar sim... rsrsrs... Abraços, caras.

    ResponderExcluir

patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo