quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Das canções de amor. Alex, sempre que comprava um CD novo, nos convidava para ir à sua casa, escutá-lo; e aí nós conversávamos sobre a tal banda, e bebíamos uns refrigerantes, e jogávamos ludo ou war e, acima de tudo, jogávamos conversa fora. Enfim, tais encontros eram sempre muito bons. Dessa vez, iríamos ouvir o álbum novinho, recentemente lançado, da Legião Urbana, O descobrimento do Brasil; era uma tarde quente de 1993. Ah! ainda respirávamos os anos 80. Alex dizia que a música que mais gostava n’O descobrimento do Brasil era “essa mesma que dá nome ao disco”, e cantava junto com o Renato: “Ela me disse que trabalha no Correio / E que namora um menino eletricista / – Estou pensando em casamento, / Mas não quero me casar...” E cada um tinha a sua preferida. De todas, eu não me decidia entre “Vamos fazer um filme” e “Giz”. Depois vinha o vôlei, com a turma da rua, no terreno da Igreja de Santa Teresinha. Eu vivia os meus 18 anos, e era apaixonado pela filha de um pastor da Igreja Batista Regular, de Crato; e ela sabia, e ela não se decidia, me pedia pra esperar, e eu não sabia bem o que tinha de “esperar”. Mas ela estava ali, no vôlei, me vendo jogar; e eu me esforçava pra ser o melhor, pra que ela gostasse de mim. Quatro anos depois, quando eu já morava em João Pessoa, fiquei sabendo que o Alex, certa noite, no Tiro de Guerra (TG 10-004), numa brincadeira de roleta russa, disparou um revólver contra a própria cabeça; tiro fatal. No enterro, me disseram, duas garotas choravam dizendo que eram suas namoradas. Ah! Os anos 80; ou quase isso. Quando eu penso nos meus bons amigos, lembro do Alex, das duas meninas que choravam por aquele “amor” perdido, e lembro como o tempo passa e nós vamos indo, com ele... E essas lembranças, minhas, têm n’“O descobrimento do Brasil” a sua trilha: “É tão estranho / Os bons morrem jovens / Assim parece ser / Quando me lembro de você / Que acabou indo embora / Cedo demais...” De amores findos e gente morta dizendo adeus, disso são feitos os filmes, e as canções de amor. Doze anos distam do ocorrido, e hoje, depois que eu desligar o computador, vou ouvir mais uma vez O descobrimento do Brasil... Será a minha homenagem solitária pro Alex. “Vai com os anjos! / vai em paz.”

4 comentários:

  1. Izabel, querida, as minhas histórias são todas verdadeiras; os fatos é que não são. Mas essa (Das canções de amor), me acredite, É TODA VERDADEIRA - talvez a única 100%. E eu dedico ela a você. Obrigado a todas as minhas amigas e amigos que lêem o Blog, e que comentam. P.M.

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  2. Você acerta a mão quando exagera na simplicidade. Prefiro um milhão de vezes um texto singelo e bonito como este do que um único e solitário tratado histórico-filosófico cheio de teorias que não dão conta dos sentimentos! Lindo texto. Parabéns! ---> Izabel

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  3. * Concordo com Izabel
    * Do álbum citado, Perfeição é a (minha) música!
    * :********************************************
    Tela

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  4. E eu concordo com Tela e Izabel... mas as historinhas fáceis estão acabando - pq a vida não é fácil... hehehe... Beijo, queridas. Patativa.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo