sábado, 15 de agosto de 2009

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Do nascimento de Eros. A fogosa Afrodite, numa das suas “noitadas”, engravidou. Foi assim que nasceu Eros – ou Cupido –, deus do amor. Irado com as diabruras do pirralho, Zeus disse, agourando: “Este teu filho vai ser causa de muitos males aos homens”. Afrodite, diante do vaticínio tão sério, espantou-se. “É melhor sumir com ele” – disse Zeus, conclusivo. Mas nem passou pela cabeça de Afrodite, coração de mãe, obedecer às loucas recomendações do deus maior dos gregos; antes, encheu o menino de mil cuidados e, ansiosa e temendo que Zeus fizesse algum mal ao seu filho, escondeu-o num bosque. Aí, vieram tigres e leoas a amamentarem o menino que, mais encapetado do que sempre, rapidamente cresceu, armando-se de mil estripulias e peraltices. Eros também se tornou belíssimo: forte, olhos esverdeados e dotado com um par de asas que pendiam-lhe das costas – e que o tornavam ainda mais hábil e apto às travessuras. Logo ele armou-se de um arco e, para o mesmo, fabricou flechas envenenadas. A partir de então, ninguém mais, em parte alguma, estaria seguro – inclusive a sua mãe que, trespassada com uma das suas flechas de ouro, enamorou-se perdidamente pelo formoso Adonis. Perdeu-se. E é justamente isso o que ainda hoje ocorre àqueles que são flechados por ele: sangram até que se perdem. E é também por isso que Camilo Castelo Branco escreveu uma novela passional - que lhe rendeu fama e alguma fortuna -, livro ao qual chamou de Amor de perdição, reafirmando o que já havia sido dito por tantos outros: “Para aumentar a dor: amor; para bem mais sangrar: amar”.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo