terça-feira, 4 de agosto de 2009

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Das estrelas cadentes - Olha! Olha! Faz um pedido!
Ele olhou pro céu, displicente. Estava mais admirado com o brilho nos olhos dela e a sua empolgação radiante do que com a estrela que caía. É, estava apaixonado.
- É lindo, não é?
- Sim - ele disse, de olhos fixos nos olhos dela, que miravam o encarvoado e frio céu de Agosto.
- E então?
- Então, o quê?
- Ora, o quê? O que você pediu.
- Ah! Eu pedi... – fez mistério, como se não fosse falar.
– Falaaaaaa... – ela disse assim, estendendo o “a” e simulando um ataque ao seu peito, com os punhos fechados. Ele adorava isso e, entre o riso e o pesar, disse, fitando os olhos da menina:
– Eu pedi uma coisa que, para ser alcançada, depende mais de nós dois do que da sorte ou de qualquer outra coisa.
Ele realmente não queria revelar o que pedira. E ela, olhando-o, não entendia o que ele queria dizer com tudo aquilo, com tanta gravidade, com toda aquela subjetividade. Será que ele levava mesmo essa história a sério? Não! Ele era sempre tão racional, tão racionalista. Estrelas cadentes? Tolice! Mas, em todo caso, ela pensou, e insistiu:
- Vai, me conta, amorrrr.... O que você pediu?
- Pedi que você tenha sempre essa alegria, esse brilho no olhar, e pense em mim quando a minha estrela se apagar.
Ela não sabia o que dizer. E ela não disse nada.
Dois meses depois, no cemitério, sentada no banco de mármore que ficava em frente ao túmulo dele, ela lembrava de tudo isso, e entendia cada palavra. “E quando chegar a noite, cada estrela parecerá uma lágrima...”, sussurrou baixinho, cantarolando para si numa tristeza desafinada, e caminhado em direção ao carro. Voltaria para casa, para a sua solidão de mil vidas. O apartamento, que era tão pequeno, agora tem o tamanho de uma galáxia. Moral da história: se você tem um sorriso guardado para alguém, use logo.

4 comentários:

  1. Esse foi o que eu mais gostei!E gostei com o coração! =*

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  2. Eita! Ainda bem que mandei o meu sorriso pra você antes de ler...

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  3. Muitas vezes não conseguimos ver a diferença entre sermos cautelosos e orgulhosos. Prefirimos pensar que somos cautelosos e estamos nos protegendo. Mas, na maioria das vezes não queremos encarar a possibilidade de não sermos extraordinários aos olhos do outro. É uma pena que a gente não encontre o extraordinário em sorrir para alguém e como em ter sorrido por alguém.

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  4. noossa q simples e bonito!!!=D

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo