sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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Dos fantasmas. Lorayne fazia “poeminhas”; como ela mesma dizia: “Eu tenho flores nas pontas dos dedos, / e um espinho no coração... / leio um diário de tantos segredos, / desse fantasma preso no porão...” Como um Drummond que fizesse poemas para um outro Carlos, embora falasse de si mesmo para si mesmo, mas como se não o fosse – “Ah, Carlos, não se mate!...” –, assim também Lorayne. Pois quem não tem segredos e não convive (vive com) com fantasmas de amores findos? Quem, em algum momento da vida, não tem o coração ferido por um espinho, mesmo que, nas mãos, traga somente flores? E quem, nas dores do amor, não é meio louco, meio poeta, meio Van Gogh, meio Miró? Para o amor, meus caros, há que se aprender sobre a resignação, sobre os riscos e, acima de tudo, não ter medo dos fantasmas. Ferida e meio louca, qual moderna Emily Dickinson, Lorayne viveu só, esperando por um amor que nunca veio, e fazendo poemas que nunca serão lidos.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo