quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

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Das armadilhas. Adoro uma citação da primeira HQ (História em Quadrinhos) do Batman, escrita e desenhada pelo seu criador, Bob Kane, em 1940. Perseguindo o gênio maligno, professor Hugo Strange, que criara monstros horrendos e enormes que atormentavam a cidade, Batman, prestes a entrar em um estranho galpão, afirma: “Que diabo! Parece uma armadilha, mas eu tenho que entrar”. Entra, e imensas mãos o prendem. Será este o fim do homem-morcego? Leia a história você mesmo e veja. Adoro ainda mais, e no mesmo sentido, uma citação do poeta pantaneiro, Manoel de Barros. A citação está no “Caderno do andarilho”, em Concerto a céu aberto para solos de ave, livro de 1991: “Lagartixas piscam para as moscas antes de havê-las”. Das citações, o sentido é que o mesmo pode ser dito em relação ao amor, às coisas do amor, aos amantes, suas presas. Antes de conquistar a sua vítima, o conquistador, mesmo que não saiba, houve-se conquistado. Ai de ti, Don Juan! Para o amor romântico, mesmo com tudo o que soubermos sobre ele – desmistificando-o –, e mesmo com todas as precauções que tomarmos, sempre teremos aquela fala do Batman, inevitável: “Que diabo! Parece uma armadilha, mas eu tenho que entrar”.

6 comentários:

  1. Hehehe Achei até engraçada a citação,e é mesmo verdade né?Já desde antes,mesmo a gente sabendo(ou pensando que sabe)que o amor que se quer vai nos prender feito numa teia,a gente meio que dá de ombros e vai em frente!Que nunca nos falte essa coragem!hehe
    bjo!

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  2. O amor é uma imprudência, não é não?!

    Beijos.

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  3. Ahhhhhh...
    Amo o Manoel de Barros!!!*.*
    Acho os poemas dele profundos...

    Bem...O amor é mesmo essa grande armadilha...E o bom, é que, como o batman, caímos nela porque queremos!!!
    *.*

    Amei o texto!!!

    beijo.

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  4. Queridas Clarissa, Letra e Nine, obrigado pelos comentários! Esse texto, tão simples e pequeno, foi um dos que mais gostei de ter escrito, e um dos mais ilustrativos à proposta do Grande Livro. Beijos pra todas.

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  5. Tenho muito o que falar das armadilhas e o caminhar para ela sabendo o resultado. Um telão na nossa frente vai mostrando o triste final e a gente vai caminhando lentamente ou desesperadamente para os laços da armadilha. Mas, igual a Fernando Pessoa eu precisaria de um heterônimo ou um simples pseudônimo. Na omissão dos fatos reais, fico com os versos. Que te diz o vento que passa?/ Que é vento e que passa/ E a te que te diz? .../ Fala-me de muitas outras coisas/ De memórias e de saudades/ E de cousas que nunca foram/. Assim é o amor de armadilhas: nunca foi. E mesmo que nunca tenha sido deixa perguntas e sofrimentos que no texto mais recente, complemento perfeito, juntos com o amor e a ignorância, são: "uma dádiva universal".

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  6. Mas nós adoramos armadilhas, nem que seja para saber que temos inteligência suficiente para sairmos delas.
    E tal como Batman, vivemos na Gotan do nosso pensamento. O medo é um grande incentivo para o desconhecido, quem se atreve esta sempre armadilhado, mas com o tempo torna-se um mestre das escapadas...

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo