quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Livro 3

Em que o autor, com o fito de não parecer escapista, assume a fala, na primeira pessoa, tratando de modo crítico a vasta literatura romântica, ou narrando situações vivenciadas e outras imaginadas – porque ele, embora seja honesto com seus leitores, é, antes, honesto consigo mesmo. Os textos aí, diferentemente do que ocorre nos Livros 1 e 2, não seguem qualquer ordem, e não têm outro objetivo senão dizer o que já foi dito, seja ampliando ou revendo pontos obscuros.

.

1

.

Da esperança desesperada. Com algum esforço foi que reuni as várias definições para o amor romântico, aqui apresentadas, em textos fragmentados ao longo de vários anos. As referências aos livros lidos e as observações tiradas do grande “livro da natureza” - expressão que tem raízes em Galileu Galilei, e que tem a ver com experiência, que é de onde eu e você retiramos a tinta e o papel no qual escrevemos a nossa história – devem marcar esse nosso novo e final encontro, como quando o casal se fala pela última vez: começando uma nova história ou findando uma já antiga. Alguns textos são bem pessoais e não servem (de modo exemplar) para mais ninguém – e nem mesmo, necessariamente, para mim –; outros não são mais que as narrativas das visões que tenho da minha janela sempre aberta, do meu amor que, na melhor das intenções, se resume numa só palavra: esperança. Esperança de que seja bom e duradouro o encontro com a pessoa/eu, espelho; esperança de que ela, também, veja em mim o seu reflexo e, assim, as nossas imagens se preservem da opacidade por mais tempo. Mas, do futuro dessa esperança, que sei eu? Talvez não mais do que uma criança que, ao acordar de um sonho ruim, sofra com a perspectiva de que ele, sempre plausível, efetive-se; ou daquela que, acordando de um sonho bom, quer voltar logo a dormir, para continuar sonhando de onde o sonho parou. A esperança (ou o amor, se você preferir), fenomênico estado da alma, tem armadilhas terríveis para todo e qualquer pássaro.

2 comentários:

  1. Lendo esse texto, me veio um pensamento. Voce Antonio é como um pássaro físicamente livre, não tem horário nem dar satisfação, mas juntando pontos de alguns textos percebe-se que há algumas gaiolas e o medo de cair em armadilhas feitas para pássaros! O breu, onde brilham as estrelas, desperta um medo que impede a passagem do encanto de tanta luz. Ei!!! ESSA É MINHA IMAGEM! kkkk liberdade e solidão combinam e cabem muito bem na poesia de qualquer poeta. Voce tem razão: A vida é mesmo uma comédia!!!

    ResponderExcluir
  2. Que delícia de texto! Adorei a imagem do sonho bom e do sonho ruim. E sobre o amor ser uma armadilha... na verdade, a vida é.

    A liberdade existe?

    Penso que com ou sem amor, estamos todos presos. Algumas armadilhas são tão grandes e prazeirosas que julgamos estar voando à céu aberto, até o dia que damos com a cara na grande e percebemos, atônitos, que não passava de uma gaiola gigante... mas uma gaiola é sempre uma gaiola, não é?!

    ResponderExcluir

patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo