domingo, 20 de dezembro de 2009

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Do desejo de status. O suíço Alain de Botton é autor de uma série de livros que, inseridos numa linha que talvez possamos classificar livremente como “filosofia pop”, tratam sobre o tema do amor romântico. Os mais conhecidos são: Essays in love (1993), The romantic moviment (1994), Kiss and tell (1995), The consolations of philosophy (2000) e Status anxiety (2004). É dele também o livro The architecture of happines (de 2006), que Joseph Gordon-Levitz (Tom) presenteia Zooey Deschanel (Summer) em (500) days of Summer (de 2009), filme dirigido por Marc Webb e sensação nas platéias indie de todo o mundo. O desejo de status, mais do que o status propriamente dito, a pose, demonstra o quanto somos carentes de meios reais (materiais) que nos dêem alguma segurança para o futuro – o futuro dos filhos que geraremos – e aceitação; sem tal aceitação, somos menos competitivos na luta pelo melhor par para o melhor sexo e os melhores filhos (melhor no sentido de mais perfeitamente adequado ao mundo que está aí). Ninguém, realmente, está disposto a gerar filhos com um “Zé Ninguém”. “Amor não enche barriga”, diz o ditado popular. E não basta apenas ter com o que encher a barriga, é preciso mais. “Pode-se dizer”, diz Alain de Botton, “que toda a vida adulta é definida por duas grandes histórias de amor. A primeira – a história de nossa busca por amor sexual – é bem mais conhecida e bem representada, suas peculiaridades formam a matéria-prima da música e da literatura, ela é socialmente aceita e celebrada. A segunda – a história de nossa busca pelo amor do mundo – é a mais secreta e mais infame. [É o desejo de status]. Se mencionada, tende a ser em termos cáusticos, zombeteiros, como algo que interessa principalmente a almas invejosas ou deficientes, ou então o impulso por status é interpretado somente no sentido econômico”. O que, neste último caso, é um equívoco. O que as pessoas querem mesmo, no desejo de status, uma vez que o desejo sexual é mais comum e menos complicado de ser demonstrado socialmente – e principalmente entre os jovens –, é se acercarem que não lhes faltará o amor, tanto aquele como este. No final das contas, se a mulher da sua vida lhe rejeita, embora todos lhe reconheçam como mais bonito e mais “sangue bom” que aquele outro, feio, insensível e mal educado, é que ele, para ela, dá uma segurança que talvez lhe falte – a segurança que o status (que geralmente se acompanha do poder aquisitivo) insinua, propõe, oferece. Acredite: é biológico, é instintivo; não é nada pessoal.

4 comentários:

  1. Bom, na prática amor não enche barriga mesmo. O que enche barriga é arroz e feijão na mesa, mas pense bem, se a mulher que você julga ser a mulher de sua vida te troca ou te rejeita pq prefere na mesa dela comida francesa, não tá na hora de VOCÊ rever seus conceitos sobre como deve ser a mulher de sua vida?

    Gosto do que vc. escreve e como escreve.
    Grande abraço.

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  2. Na verdade, LETRA CLANDESTINA, os textos em que me coloco como referênica (que não é o caso deste aaqui) só virão no Livro 3 (que já já publicarei). Ou seja: não falo de mim em nenhuma parte aí. Beijo e obrigado pela visita.
    :)

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  3. Não tenho o que comentar, mas precisava dizer que adorei o texto, e que adorei o filme 500 dias com ela e que fiquei curiosa pra ler alguma coisa do Alain de Botton. Obrigado por alegrar meu dia com coisas tão bonitas, seu Patativa Moog. Nice.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo