quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Dos homerismos. “O amor puro engrandece as almas; e quem sabe amar, sabe morrer. Não há pérola semelhante ao amor”. Palavras de Victor Hugo, poeta francês. Acontece que os gregos, não menos poetas – conforme representados nas epopéias –, deram à palavra “amor” um peso tão maior quanto as palavras honra e glória - é por amor a essas duas que se morre, se mata, torna-se herói. O herói trágico é amado pelo seu espírito elevado, acima do indivíduo comum. Heroísmo, essa coisa tão desejada e divinizada pelo homem. Qual o herói que não é trágico e que, bufão, merece mesmo tal título? O desencanto com os heróis, no final da letra de “Cidadão da mata”, de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues (Baiano & Os Novos Caetanos, álbum homônimo de 1974), é tocante: “Amo, amo a mata. / Amo o verde que me envolve, / O verde sincero que me diz que a esperança não é a última que morre. / Quem morre por último é o herói, / E o herói é o cabra que não teve tempo de correr...” “O heroísmo de pouco vale”, diz Camus, “a felicidade é mais difícil”. Ideais altruísticos? Não mesmo! No lastro das intenções tudo é bem mais subjetivo, e ao critério de cada um... o amour de soi impera, absoluto. Ademais, morre-se por tudo nesta vida; e pelo engano divinizado como Verdade, em especial. Tristão e Romeu, só pra citar dois dos exemplos mais conhecidos, têm a mesma culpa: a culpa do amor mortal: que morre, que mata. Matando ou morrendo, “por Isolda ou por Julieta”, e por eles mesmos que eles morrem, que eles matam. Não ser herói, um exercício à Virtude.

3 comentários:

  1. Comentário super importante(e inédito):esse negócio de amor é complicado!hehe Ou eu sou complicada quando amo?Ou o outro é complicado de amar?Ou eu amo a mim mesma através do outro? Sei não!hehe Mas bom texto,me fez pensar.
    =**

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  2. Qual o tipo de amor que pode ser considerado puro? os gregos valorizavam seus herois, que eram filhos de humanos com deuses, diferentes por serem mortais, e tinham razão em colocar o amor na mesma balança com a honra e a glória. Morre-se Por amor a alguém, por amor a um ideal, um partido... "e pelo engano divinizado como verdade". Eu li isso mesmo? Será que o sentido real no texto é como eu entendi? esse assunto é vasto e seria interessante sua continuação. Obg.

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  3. "o engano divinizado como Verdade" - acontece que a Verdade, aí, aquela por quem se morre, se mata, é a "verdade de cada um". A verdade, como dizia Kierkegaard, é a subjetividade. Ou seja: cada um morre pelo que quer, como ama o que quer. Isso nem faz o tal objeto ser mais verdadeiro ou não. Obrigado, Marta. E lembre-se: eu não seria tão superficial... pense sempre nas entrelinhas.

    Patativa

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo