sexta-feira, 9 de outubro de 2009

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Da presença e da falta (II). Conforme diz o Quintana: “O sumo bem só no ideal perdura... / Ah! Quanta vez a vida nos revela / Que ‘a saudade da amada criatura’ / É bem melhor do que a presença dela...” Isso se aplica, sem retoques, ao seu amor, à sua amada, ao seu amado. A presença constante do objeto amado é qual passarinho engaiolado, e como o sangue nas veias, parado... perde o viço, apodrece. A realidade, dizia Heráclito de Éfeso, é marcada pelo conflito (pólemos) entre os opostos, como o fogo (pyr) que queima e se autoconsome, simbolizando tal dinâmica. Nas coisas do amor romântico, também alegorizado pelo fogo, dá-se o mesmo - adjetivação. Dia e noite, calor e frio, vida e morte, desejo e tédio são opostos que se complementam. Tudo é devir, devindo; vir-a-ser. Dialética (dialectica); destino (fatum). Certo mesmo só a incerteza, presença da falta.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo