sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Das dúvidas. Angélica, dois ou três meses depois que Alberto largou sua mulher, praticamente colou nele, tão insistente foi em querer tê-lo por perto. Mandava e-mails, recados pelo celular, e ligava tarde da noite e ia ao seu trabalho com as desculpas mais ingênuas que se possa imaginar, sem fazer qualquer força para disfarçar as suas investidas. Alberto, porém, cheio de medos de enfrentar uma nova relação depois dos traumas da anterior, não conseguia decidir se preferia Angélica ou a solidão e uns casos assim, sem compromissos sérios – pelo menos até ter alguma certeza do que realmente queria. De tanta insistência da Angélica, Alberto, finalmente, começou a pensar nela com algum carinho, olhando-a como ela, a ele, parecia olhar. Mas, lástima do acaso!, quando Alberto finalmente decidiu que ia pedir Angélica em namoro, ela decidiu que agora era ela que tinha lá as suas dúvidas sobre a tal relação. “Eu preciso de um tempo só pra mim”, disse; e deixou de ligar, de mandar e-mails, sumiu. Alberto, sem entender o motivo de tão repentina mudança, decidiu “fechar para balanço”, como há tempos vinha querendo fazer. O que teria ocorrido pra que a louca mudasse assim, do vinho à água? Isso Alberto nunca saberia. “Meu Deus!”, disse-me, narrando a história aqui recontada sem floreios e iluminuras, “quantas frescuras, não? Rapaz! deveria existir uma lei contra isso”. Moral da história: na dúvida, não ultrapasse.

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