sábado, 11 de julho de 2009

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Do amor ideal. Maria Eloísa, depois de um ano de casada, largou do João Carlos. Seis meses depois, quando voltei a São Paulo, ela me apresentou o seu terceiro namorado pós-divórcio. “Estou a procura de alguém que seja ideal para mim”, disse-me, confidencialmente, como quem se justificando. “Ora, Eloísa”, eu lhe disse, na maior serenidade estóica, “se você encontrar alguém que seja ideal pra você, então esse alguém não poderá ser seu; porque, se não, vira alguém real. E você deve saber que alguém real nunca é o que a gente quer que ele, ou ela, realmente seja”. Eloísa ficou toda confusa. “Bem feito!”, pensei, “para que aprenda a respeitar os ‘amores’ possíveis”. Eloísa, anteontem, me enviou um convite para o seu novo casamento – e o nome do homem que vem, nele, impresso, já não é o daquele a quem fui apresentado. No envelope branco a mim endereçado, enfeitado de maritacas, o ditado escrito com a letra dela: “Mais vale um pássaro na mão do que dois na contra-mão”. Melhor definição de “amor possível”, impossível. A vida quer viver, e a Vontade impera sobre tudo.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo