terça-feira, 23 de junho de 2009

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Da perfeição. Tito conheceu Eleonora durante o show de lançamento do primeiro EP da Star 61, banda de um amigo seu, no Parahíba Café. Moça linda, professora de inglês na Wizard da Epitácio. Conversa vai, conversa vem, trocaram telefones para um novo encontro. E foi assim que, uma semana depois, eles se achavam lanchando no “navio” do Mag Shopping.
– Então, Elê... Posso te chamar assim?
– Sim! Claro!
– Você vai sempre ao Parahíba Café?
– Muito raramente; só quando minhas amigas vão e me convidam. E você?
– Eu? Eu até que tenho ido bastante nesses últimos dias; mas também não sou lá tão freqüente. Na verdade, eu só vou mesmo é quando tem alguma atração à qual eu esteja, de algum modo, ligado, seja por amizade ou por ofício.
É que o Tito, isso eu ainda não disse a vocês, é metido a produtor, músico, escritor, desenhista... faz de tudo um pouco: um brasileiro nato.
– Na verdade – continuou ele –, quem faz os lugares são as pessoas, não é verdade? Às vezes os lugares são bem legais, mas se a sua companhia não for boa, o ambiente acaba ficando chato, não é? E, às vezes, o lugar é bem chatinho, mas se você estiver bem acompanhado, as coisas se resolvem numa boa, não é verdade?
– Concordo plenamente.
Ela disse. E ele, procurando o que conversar, porque não a conhecia bem e, evidentemente, tinha que achar o que dizer a ela, ou perguntar – disso dependia o sucesso do encontro e a possibilidade de um outro, se fosse o caso –, perguntou:
– Mas, Eleonora, que tipo de música você costuma ouvir?
– Ah!, eu gosto de Zezé Di Camargo & Luciano, Aviões do Forró, Exaltasamba, Bruno e Marrone, Victor e Leo... “Percebo que o tempo já não passa,você diz que não tem graça amar assim...”, essas coisas...
– É mesmo?! Que interessante! – disse o rapaz, visivelmente decepcionado com os gostos musicais da moça. É que ele andava noutro mundo de cores e de idéias, in the wave of alternative bands, such as Sonyc Youth, Yo la Tengo, Galaxie 500, The Velvet Underground, Stereolab, Belle & Sebastian, et cetera. Era difícil para ele acreditar que alguém que gostasse de tais “sons” pudesse ser uma companhia agradável para algo mais sério, tipo um namoro.
– Bom – disse ele –, melhor a gente ir andando, né?
– Mas, já? Aqui está tão legal, você não acha?
– Olha, se João Pessoa fosse um cachorro, isso aqui seria a bunda do bicho.
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Moral da história: não há encanto que resista por muito tempo aos detalhes individuais das nossas tolas fantasias de perfeição. Uma simples palavra, às vezes, tem a fúria dos furacões, a potência da Bomba H. No mais, é como diz o filósofo João Estevam: “Cada qual, é cada qual”.

4 comentários:

  1. Gostei bastante dos teus escritos.
    Beijoca!
    Melissinha

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  2. Obrigdo, Melissa qerida.
    Volte mais vezes.

    Um beijo, minha linda.
    P.

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  3. Dear Pata, já é bem difícil quando se tem o gosto musical semelhante. Imagina com uma discrepância dessa! Gostei daqui, viu? Adorei a foto, céu lindo :)bjs

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  4. Adorei " a bunda do bicho".
    Impossível ir ao "Paraíba" e curtir Victor e Leo.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo