quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

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Das circunstâncias. Na minha adolescência, disse uma vez àquela que, na minha loucura amorosa, me fazia penar – pois a paixão é isso sempre: insanidade e sofrimento: “O meu mundo gira em torno de ti”. Ah!, mesmo sendo clichê, que linda não era a expressão! Eu precisava dizê-la; precisava. Mas não era verdadeira, não para mim - isso eu só saberia depois, muito depois; quando já era tarde para continuar mentindo. Eu amo as coisas que amo porque tudo no universo, para mim, gira em torno de mim mesmo – o mesmo vale para todo mundo, mesmo para os que não reconhecem isso, os que fingem-se de ignorantes, os ignorantes honestos ou os que, compreendendo todo o engenho, negam-no por medo das implicações que isso tudo pode acarretar. O meu Eu circunda o Tu, seja ele físico ou metafísico, amando-o ou odiando-o; é tudo igual, tanto fez, tanto faz. E assim, no querer o Tu, sou Eu que quero ou me faço querer, mas sempre em/a/para mim mesmo. “Eu sou eu e minhas circunstâncias”, como disse Ortega y Gasset. O Tu é uma extensão do meu Eu desejante, e só. Tudo o mais, meras circunstâncias. Mesmo que os sábios antigos e os profetas do passado digam o contrário, eu digo: não existe altruísmo algum no amor, no amar. O amor, ou o amar, seja no sentido que for, é a “coisa” mais egoísta que alguém poder ter, que alguém pode ser; dar, jamais.

2 comentários:

  1. Eu li duas vezes para ter certeza que não havia entendido. Mas achei incrível, porque na terceira vez que li, tudo pareceu claro e certo!

    Adorei!!!

    Um abraço...

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  2. Querida Nine,
    muito obrigado por seu comentário ao texto. Eu lhe agradeceria em seu próprio blog, mas não consigo fazê-lo. Faço aqui. Beijo e boa semana. (Patativa Moog)

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo