sábado, 13 de fevereiro de 2010

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Da finitude e da transcendência. My life is like the flame of a candle… Juliet dizia, tentando se animar e parafraseando um trecho de “You make my dreams come true”, música dos americanos da dupla famosa nos anos 50 e 60, Hall & Oates, que ouvia na penumbra, afundada na poltrona, esperando tocar o telefone, mas ele não tocava... [...] Assim começaria o capítulo dois de uma novela de enorme sucesso que nunca escrevi, que jamais escreverei. Como a vida, como as novelas e como a chama de uma vela, o amor romântico tem vida curta - e bem assim todo o sucesso que se possa obter, nele e em tudo o mais. O amor romântico, porém, enquanto vivo, porta uma luz que, mesmo assim, bruxuleante e profética da escuridão que lha cerca e sempre vem, traz promessas de eternidade. Por isso, pelo engodo e pelo gozo inebriante, é uma “ferida que dói e não se sente”, que nem no poema que Camões plagia de Petrarca. Quem ama ou quer amar, precisa, sim, de tal anestésico. Não se ama “o outro” com a razão, nunca. É por isso que, também, não há razão para o conhecido poema do Vinícius: “E quando a solidão, talvez me procurar; eu possa dizer do amor que tive; que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Mas, enfim: quem disse que um poema é para ser entendido? E quem disse que, para o poema, lhe baste mais do que o poeta? Do mesmo modo, para o amor, basta o que ame, o que é amado... Tudo natural, naturalmente.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo