quinta-feira, 27 de maio de 2010

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De um livro de Kerouac, e do trágico que impera sobre a vida, sobre o amor. No final da primeira parte de Tristessa, de Jack Kerouac (publicado pela primeira vez em 1960), o poeta norte-americano Jack Duluozalter-ego do próprio Kerouac que, em 1955, apaixonara-se por Esperanza, uma prostituta índia do México -, protagonista da obra, afirma: “Desde tempos imemoriais e adentrando o futuro sem fim, os homens amaram mulheres sem dizer a elas, e o senhor os amou sem dizer, e o vazio não é o vazio porque não há nada para ser esvaziado.” O livro, tendo um pano de fundo visivelmente budista, pode ser resumido numa frase de Duluoz, e de Tristessa: “La vida es dolor (a vida é dor), ela [Tristessa] concorda, diz que a vida é amor.” Vida = dor = amor... Estou triste”, Jack diz à Tristessa, porque toda a vida es dolorosa’, repito, na esperança de ensinar a ela a Verdade Número Um das Quatro Grandes Verdades - Além disso, o que poderia ser mais verdadeiro?Não há heróis aí, e nem vilões; é somente a vida que segue e, não tendo a arte como fuga (Schopenhauer), serve-se da morfina. “O vazio não é o vazio porque não há nada para ser esvaziado”. Não há culpados no mundo, e nem fora dele. Viver, como amar, é encarar a dor cotidiana, cotidianamente. O modo como eu e você escapamos do trágico que impera sobre tudo é o que, segundo os manuais de ética e moral, diz se somos ou não isto: indivíduos éticos, indivíduos morais; tudo o mais é ou consenso ou aceitação. La vida es dolor, la vida es amor. Tanto faz.

Um comentário:

  1. Hoje, parei para ler O Grande Livro do Amor. Fazia tempo que nem sequer folheava...
    Menino, eu gostei.

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patativa moog, amor, filosofia, felicidade, paixão, desejo