quarta-feira, 7 de abril de 2010

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Da inveja. “Nunca serás feliz enquanto te atormentares porque outro é mais feliz.” São palavras de Sêneca, às quais Schopenhauer faz a seguinte colocação: “Nada é tão implacável e cruel quanto a inveja; e, no entanto, estamos sempre empenhados em suscitá-la com todas as nossas forças”. Dos amores da minha adolescência, guardo a imagem de uma menina que não me queria, porque só pensava em um “fulaninho” lá. “Fela da puta!”, eu pensava. Como eu queria matar o desgraçado e... Não, não; não queria... Eu queria mesmo era ser ele! Mas não queria e nem podia deixar de ser eu mesmo; pois que, senão, quando eu a tivesse, já não seria eu quem a teria, mas ele. Ah!, dilema dos infernos! Como era complicado!, como eu sofria!, como eu era infeliz! “De fato”, como diz Fleischer, “não vivemos como queremos, mas como podemos.” Às pancadas do tempo, eu não me tornei mais feliz, mas me fiz mais estóico.

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